Uma noite iluminada
Jerusalém dormia, mas Nicodemos não. A cidade estava em silêncio, mas sua mente era um vendaval.
Naquela noite, ele não conseguia escapar das perguntas. Era fariseu, membro do Sinédrio, mestre em Israel. Passara a vida estudando as Escrituras, dissecando leis, debatendo nuances. E agora, bastaram algumas palavras de um carpinteiro galileu para desmontar toda a lógica que ele levara décadas para construir.
Jesus.
Ele curava com autoridade, ensinava com uma sabedoria que ninguém podia contrariar. Mas o que mais perturbava Nicodemos era o que ele provocava: uma sede de algo que os livros não saciavam. Uma inquietação que nenhuma explicação racional podia acalmar.
Vestiu-se discretamente. A essa hora, nenhum colega do Sinédrio deveria vê-lo. Procurar Jesus assim, à noite... para evitar um possível escândalo.
Ele foi...
A casa era simples. Jesus estava só, como se o aguardasse.
— Rabi — começou Nicodemos, hesitante — sabemos que és Mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
Jesus ergueu os olhos, e seus olhos não procuravam argumentos — procuravam o coração.
— Em verdade, em verdade te digo: se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.
Nicodemos piscou. Sua mente correu. Nascer de novo? O que isso significava? Era metafórico? Teológico? Biológico?
— Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre de sua mãe e nascer?
É como se o texto das escrituras mostrassem que o rosto de Jesus permaneceu sereno, mas grave.
— Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne, é carne; o que é nascido do Espírito, é espírito. Não te admires de eu te dizer: necessário vos é nascer de novo.
Nicodemos silenciou. Pela primeira vez em muito tempo, ele não tinha uma réplica. Só perguntas.
Jesus continuou:
— O vento sopra onde quer. Ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
Foi ali, naquela casa simples, naquela noite de silêncio quebrado, que todos os racionalismos de Nicodemos ruíram. O culto à razão que busca controlar Deus por meio da lógica foi destronado. A confiança no que pode ser medido, previsto, sistematizado foi colocada a prova.
Foi assim que um golpe cirúrgico foi deferido, demonstraram quão raso jesus precisou ser. Palavras agudas, dilacerantes romperam a divisão da alma e do espírito e a separação completa foi feita.
Jesus provocou:
— Se te falei de coisas terrenas e não crestes, como crerás se te falar das celestiais?
Era isso. Nicodemos compreendeu. A fé verdadeira não nasce de argumentos, mas de revelação. Não se força, se recebe. Não se deduz, se crê.
Hoje, séculos depois, outros "Nicodemos" caminham pelas avenidas das cidades — presos ao racionalismo, ao cientificismo, aos “ismos” que prometem luz, mas entregam trevas.
E você vai continuar nestas trevas que chamaram de iluminismo? ou vai como Nicodemos, buscar Jesus e deixar que sejam iluminados os teus pensamentos?
Identificando as vozes do dia-a-dia
Vivemos sob o peso invisível de ideias que, embora pareçam neutras ou até nobres, vêm moldando silenciosamente a forma como enxergamos a vida, a fé e até o nosso valor. Esses sistemas de pensamento — os “ismos” modernos — oferecem promessas de liberdade, progresso e realização. Mas, ao mesmo tempo, oprimem a alma com exigências e expectativas que jamais poderão ser plenamente satisfeitas.
Enquanto isso, a Bíblia nos convida a um caminho diferente:
“Pensai nas coisas que são do alto...” (Colossenses 3:2)
“As coisas que o olho não viu, o ouvido não ouviu e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” (1 Coríntios 2:9)
Essa tensão — entre o barulho das ideias modernas e o sussurro da eternidade — está no centro da nossa angústia atual. Essas vozes não são neutras. Elas têm um propósito: desconectar você de Deus e te prender à roda do “nunca é suficiente”. E quanto mais giramos nela, mais cansados ficamos.
Iluminismo: o culto a razão do próprio homem
O iluminismo transformou a razão em religião. Seus apóstolos escreveram tratados como se fossem Escrituras, seus templos são as universidades, e seu deus é o próprio homem. A promessa de salvação é o progresso, e o paraíso é uma sociedade sem fé, sem Deus, sem pecado — onde tudo é explicado pela mente humana. Mas ao entronizar a razão e destronar o Criador, o iluminismo produziu arrogância em vez de sabedoria. Como diz a Escritura: 'Diz o tolo no seu coração: Não há Deus' (Salmos 14:1). A razão é um dom de Deus, mas quando se torna deusa, perde seu brilho e mergulha a humanidade nas trevas do orgulho..
Mas Jesus disse a Nicodemos: “Se vos falei de coisas terrenas e não crestes, como crereis se vos falar das celestiais?” (João 3:12)
Evolucionismo: O dogma intocável da vida sem um Criador
O evolucionismo moderno é mais do que ciência — é uma religião travestida de biologia. Seu profeta é Darwin, seu credo é o acaso absoluto, e seu deus é o tempo. Promete explicar tudo sem Deus, mas exige fé cega em processos nunca observados, nunca repetidos e nunca explicados em sua origem mais essencial. Enquanto a Bíblia diz que 'pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus' (Hebreus 11:3), o evolucionismo diz que foi tudo por nada, por ninguém, com nenhum propósito. No fim, não é ciência que se opõe à fé — é outra fé que tenta ocupar o lugar do Criador.
Mas a Palavra afirma:
“Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.” (João 1:3)
Consumismo: o culto a mamom
O consumismo é a religião mais praticada do nosso tempo. Seu deus é o dinheiro, seus templos são os shoppings, seus profetas são os influenciadores, e sua salvação é uma felicidade comprada em parcelas. Essa fé moderna promete tudo e entrega o vazio. Enquanto o Evangelho chama ao contentamento e à eternidade, o consumismo prega a insatisfação eterna — uma idolatria disfarçada de estilo de vida. A expressão mais concreta de mamom o espirito da avareza, materialismo e confiança nas riquezas.
A bíblia nos esclarece:
“A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.” (Lucas 12:15)
“Tendo o que comer e o que vestir, estejais contentes.” (1 Timóteo 6:8)
Quem pensa nas coisas do alto aprende a viver com simplicidade e gratidão — virtudes que o consumismo considera fraqueza.
Marxismo: O culto ao Estado
O marxismo é uma religião disfarçada de ciência social. Seu profeta é Marx, seus evangelhos são os manifestos ideológicos, e sua doutrina é a luta eterna entre opressores e oprimidos. O pecado original é a propriedade, o messias é o proletariado, e o paraíso é um mundo sem Deus, sem família e sem verdade — onde tudo é controlado por um Estado-redentor. Essa fé secular rejeita o Evangelho da cruz e prega a redenção pela revolução.
Mas Paulo mostra o oposto: ele trocou a posição de perseguidor por perseguição, porque encontrou algo muito maior do que o sistema poderia oferecer:
“O que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo.” (Filipenses 3:7)
O que essas vozes têm em comum?
Todos esses "ismos" têm uma raiz comum: afastar o coração humano do eterno.
Eles apontam para o agora, para o tangível, para o que pode ser comprado, medido ou controlado. Mas a vida verdadeira, segundo a fé cristã, está além disso. Está em uma promessa que não pode ser vista com os olhos nem compreendida com a razão:
“As coisas que Deus preparou para os que o amam...” (1 Coríntios 2:9)
Você pode identificar essas vozes no seu cotidiano — em frases motivacionais, em discursos de progresso, em cobranças internas. Elas tentam dizer que o que você tem não é suficiente. Que sua fé é fraqueza. Que a eternidade é ilusão.
e hoje podemos fazer a seguinte reflexão:
Deus já pode nos falar das coisas celestiais?