O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ter acusado, sem provas, o magistrado, à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de “levar US$ 50 milhões” para fraudar o resultado das eleições de 2022 e favorecer o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi questionado sobre a fala durante interrogatório sobre a tentativa de golpe de Estado.
Segundo Bolsonaro, a declaração foi dada em “um momento de desabafo entre amigos”. Ele admitiu que não tinha provas sobre a grave acusação e se retratou.
“Não tem indício nenhum. Era uma reunião que não era para ser gravada, era uma retórica, um desabafo. Peço desculpas. Eu não tinha intenção de afirmar nenhum desvio de conduta de vocês”, disse.
A fala em que Bolsonaro acusa Moraes consta no relatório da Polícia Federal entregue ao Supremo. A declaração foi dada em reunião realizada em julho de 2022, quando o ex-presidente convocou a alta cúpula do então governo para a elaboração de um plano golpista. Na conversa, ele também diz que os ministros do STF Edson Fachin e Luís Roberto Barroso receberam indevidamente US$ 30 milhões.
No interrogatório, Bolsonaro foi questionado hoje por Moraes se a denúncia de golpe de Estado procedia. Ele afirmou que não. “Não procede a acusação, Excelência”, disse.
Em seguida, o ex-chefe do Planalto foi questionado sobre a desconfiança das urnas, ao que respondeu: "A desconfiança das urnas não é algo privativo meu".
Jair Bolsonaro é interrogado nesta segunda-feira no STF sobre a trama golpista. Mais cedo, Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e Augusto Heleno (ex-ministro do GSI) responderam aos questionamentos de Moraes, da PGR e dos advogados sobre a ação penal.
O ex-presidente é réu na ação penal que apura um plano criminoso para mantê-lo no poder após derrota nas eleições de 2022. Segundo o delator, tenente-coronel Mauro Cid, que foi interrogado ontem (9), Bolsonaro estava focado em encontrar uma fraude nas urnas eletrônicas para provocar o caos social e convencer os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao plano para reverter o resultado do pleito.