A elevação no preço da carne bovina nos Estados Unidos ocorre em meio à aplicação de tarifas adicionais sobre as importações brasileiras e à redução no rebanho doméstico.
O governo norte-americano anunciou, em abril, uma nova tarifa de 10% sobre produtos brasileiros, incluindo carne. A alíquota será elevada para 50% a partir de 1º de agosto, somando-se à tarifa já existente de 26,4% e resultando em uma carga total de 76,4%.
O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e responsável por aproximadamente 21% da carne importada pelos EUA, sobretudo para a produção de hambúrgueres.
Com a aplicação total da nova tarifa, o custo da carne brasileira tende a subir de cerca de US$ 5.732 por tonelada para US$ 8.600, o que compromete sua competitividade no mercado americano.
Além do impacto tarifário, a produção interna nos Estados Unidos enfrenta uma queda. O rebanho bovino local atingiu, em 2025, o menor nível em mais de sete décadas, reflexo de períodos prolongados de seca que afetaram o custo de alimentação dos animais.
A previsão é de retração de 2% na produção bovina anual, estimada em 26,4 bilhões de libras.
Com menor oferta doméstica, frigoríficos americanos ampliaram a compra de carne brasileira no início do ano.
Entre janeiro e abril, as exportações do Brasil para os EUA somaram 135,8 mil toneladas, crescimento de 161,2% em relação ao mesmo período de 2024. Parte desses embarques foi motivada pela tentativa de formar estoques antes da entrada em vigor da tarifa de 50%.
A indústria americana prevê reflexos diretos para o consumidor. Produtos como hambúrgueres, que utilizam carne magra importada, devem sofrer aumentos.
Em maio, a carne brasileira era negociada a US$ 6.143 por tonelada, valor inferior ao da carne australiana, que custava US$ 7.169 por tonelada no mesmo período.
Outros fatores também afetam a cadeia de fornecimento. A suspensão das importações de gado vivo do México, devido à identificação da mosca da bicheira, reduziu a oferta externa.
Foto: Agência Brasil/ArquivoFrigoríficos brasileiros buscam alternativas comerciais
No Brasil, o setor estima que as exportações para os EUA se tornem inviáveis após a aplicação total da tarifa.
De acordo com a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), a carne destinada ao mercado americano poderá ser redirecionada ao consumo interno, com possível aumento da oferta doméstica.
Para mitigar os efeitos da perda de mercado nos EUA, frigoríficos brasileiros buscam alternativas comerciais. Entre os destinos considerados estão Japão, Coreia do Sul, Vietnã e países do Oriente Médio.