As medidas para socorrer os setores mais afetados pelo tarifaço devem ser anunciadas pelo governo até quarta-feira (13). Essa é a nova previsão do Palácio do Planalto, depois de uma reunião nesta segunda-feira para ajustar os últimos detalhes. O encontro ocorreu entre o presidente Lula e os ministros da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e das Relações Exteriores.
Antes da reunião, Fernando Haddad disse, em entrevista ao Estúdio I, da Globo News, que o texto prevê “reformas estruturais” no fundo que financia a exportação e que a MP vai trazer três principais pontos: linha de financiamento para as empresas, um tratamento específico para a questão tributária dos setores e, ainda, a revisão das compras governamentais, o que inclui, por exemplo, a aquisição de “obras de produtos” antes exportados aos Estados Unidos.
Haddad, porém, disse que a reunião que ele teria na quarta-feira, com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, foi cancelada, depois de um movimento da extrema direita. O ministro não citou diretamente o deputado Eduardo Bolsonaro, mas indiretamente se referiu a ele.
"Nós começamos as tratativas para essa reunião no dia 21 de julho, um dia depois do telefonema do presidente e aguardamos até a semana passada o e-mail marcando o dia e hora da reunião, que seria na quarta-feira desta semana. Seria, porque, de novo, a militância antidiplomática dessas forças de extrema-direita que atuam junto à Casa Branca tomaram conhecimento da minha fala, porque eu dei a público que eu ia me reunir com o secretário na quarta-feira e agiram junto a alguns assessores ali do presidente Trump, a reunião, que seria virtual na quarta-feira, foi desmarcada."
Haddad afirmou, ainda, que Lula não fechou portas para uma eventual ligação com Trump, apesar da declaração recente em que afirmou que "não se humilharia" para fazer esse contato. E criticou a posição do governador de São Paulo, ao dizer que Tarcísio de Freitas é “ingênuo” de achar que a ligação entre Lula e Trump é a solução do problema.
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Em evento no Palácio do Planalto nesta segunda, o presidente defendeu a soberania brasileira e disse que o mundo está ficando mais perverso.
"Esse país está precisando de todos nós, porque o mundo está ficando mais perverso, o mundo está ficando mais nervoso e nós precisamos de um país soberano, democrático, em que o povo brasileiro seja o único dono do seu nariz aqui nesse país."
Em entrevista ao jornal Financial Times, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que Trump avalia novas sanções contra o Brasil, especialmente contra ministros do STF. O presidente da Câmara, Hugo Motta, criticou a atuação do parlamentar em entrevista à Revista Veja.
"Penso que o deputado Eduardo Bolsonaro poderia até estar defendendo politicamente algo que ele acredita, defendendo a inocência do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas nunca atentando contra o país, porque quando isso acontece eu penso que nem os seus eleitores, nem os seus apoiadores concordam, porque ninguém pode concordar em ter o seu país sendo prejudicado pela atitude de um parlamentar. Isso não me parece ser correto e não me parece ser condizente com a postura de um deputado federal."
O deputado Eduardo Bolsonaro divulgou uma nota em que negou ter interferido para cancelar a reunião entre Haddad e Bessent. Ele disse que o ministro “prefere culpar terceiros pela própria incompetência, enquanto Lula inflama a crise diplomática” e frisou que “qualquer reunião é mera encenação”. O parlamentar ainda diz que não tem nem pretende ter “qualquer controle sobre a agenda de Bessent, que cumpre as diretrizes determinadas pelo presidente e preserva única e exclusivamente os interesses do povo americano".