O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta terça-feira (15/10), o projeto de lei (PL) 3148/2024, que inscreve o nome de Eduardo Campos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A cerimônia contou com a presença da família do político, que morreu em uma queda de avião em 2014. O petista comentou que, no Brasil, não há muito o costume de cultuar heróis, principalmente, na esquerda, mas que o reconhecimento ao ex-governador contribui para que todos conheçam a história dele na política.
"No momento em que eu sanciono uma lei, transformando o nosso querido companheiro, Eduardo Campos, como herói nacional, a gente está dando uma contribuição para que a gente tenha a responsabilidade de fazer com que aqueles que nasceram depois de nós, aqueles que ainda são crianças, possam conhecer outro tipo de político nesse país. A gente não pode deixar que a sociedade reconheça o político pela quantidade de agressividade e de mentira. Nós temos que mostrar que o político pode ser humano", destacou o presidente.
"Eduardo Campos precisa passar para a história como um símbolo bom da política brasileira, como uma coisa boa que apareceu na política brasileira, porque nem sempre nós políticos aparecemos pelas virtudes, é sempre pelos defeitos. E nós, aqui, estamos enaltecendo as virtudes de um homem que nasceu no berço da política e morreu no berço da política, defendendo a democracia, as pessoas menos favorecidas, as pessoas pobres desse país", acrescentou.
Economista e político do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos ocupou o cargo de governador de Pernambuco por duas vezes e foi ministro de Ciência e Tecnologia do governo de Lula, entre 2004 e 2005. Ele também foi candidato à Presidência da República, em 2014, quando, durante a campanha eleitoral, morreu de forma trágica durante queda do jato em que estava, em Santos (SP).
Em seu discurso, o chefe do Executivo também relembrou a relação que tinha com o avô de Campos, Miguel Arraes, que foi governador de Pernambuco três vezes, prefeito de Recife e também deputado federal. "Eu admirava o Arraes desde moleque porque o meu irmão, o Frei Chico, admirava ele e o [Leonel] Brizola", relembrou, afirmando que, a partir de então, começou a conhecer Eduardo Campos
Também presentes na cerimônia estavam a viúva do político, Renata Campos, e os filhos João Campos (PSB), prefeito reeleito de Recife, Pedro Campos (PSB), deputado federal, Maria Eduarda Campos e Miguel Henrique Campos. Os netos do político também participaram da celebração. O deputado Pedro Campos foi o relator do PL nº 3148/2024, que propôs a inscrição de Eduardo Campos entre os heróis da Pátria.
"Para mim, Pedro, enquanto filho, Eduardo sempre foi um herói. Mas ali, coube, enquanto deputado, dizer como Eduardo Campos tinha sido um herói para o Brasil. Fiz questão de trazer tudo que ele pôde fazer como ministro de Ciência e Tecnologia, como a Lei de Biossegurança, a Lei do Bem e a Olimpíada de Matemática. Depois, o papel que ele teve enquanto governador do estado com compromisso fundamental com a educação. Ele conseguiu fazer, naquele tempo, o estado de Pernambuco ter mais escolas em tempo integral do que São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais juntos. Esse exemplo está sendo, inclusive, seguido pela atual Presidência", declarou o parlamentar.
Renata Campos, emocionada, agradeceu pela sanção de Lula do nome do marido no livro dos heróis da Pátria. "Como eu digo sempre, nada é por acaso. Então, talvez, vir aqui nesse dia, quando o senhor faz esse registro, é uma coisa importantíssima para o Brasil, para as novas gerações, para as pessoas que acreditam na política, na democracia, que sabem da luta que vocês travaram e travam. Ele teve a oportunidade de também ajudar o Brasil em vários momentos da vida", ressaltou.
João Campos, por fim, fez uma análise do legado político deixado pelo pai. "Foi um dos maiores exemplos da boa postura do federalismo brasileiro. Pernambuco viveu com Eduardo Campos governador e Lula, como presidente, o melhor tempo da história. Um tempo onde havia alegria, felicidade, oportunidade, compromisso, responsabilidade. A política tem a capacidade de transformar, de mudar a realidade, de gerar oportunidade. E, para isso, a gente tem que ter pessoas da altura dele sempre sendo lembradas e reverenciadas", destacou.
O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria está depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília. Nele também estão gravados os nomes de Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Santos Dumont, entre outros personagens históricos.