PUBLICIDADE

Mulher de 89 anos, que só estudou até a quinta-série, se torna finalista de prêmio literário

Terra | 03/06/2025 15:51
Foto: Reprodução: YouTube / Bons Fluidos
Foto: Reprodução: YouTube / Bons Fluidos

Com fé e sabedoria, Maria Toinha transforma sua história em livros; confira

Aos 89 anos, Maria Moura dos Santos, conhecida como Maria Toinha, tornou-se uma das finalistas do Prêmio Sim à Igualdade Racial 2025, na categoria Educação - Inspiração. Mãe de santo, escritora e moradora de Paraipaba, no interior do Ceará, ela é reconhecida nacionalmente por sua história marcada por luta, sabedoria e resistência.

Histórias de luta e superação 

Nascida em 1936, Maria enfrentou uma vida de desafios, como a seca de 1958. Estudou até a quinta série e trabalhou desde jovem para sustentar a família. Ademais, ao longo da vida, encontrou sua forma de educar e transformar. "Estou emocionada, porque na idade que eu estou, nunca tinha passado por isso", contou, em entrevista ao Diário do Nordeste. 

Desde os 14 anos, Maria segue aUmbanda, crença que a ensinou a amar e a cuidar dos outros. "Depois que a Umbanda tomou conta de mim, tudo mudou. Fiquei uma pessoa caridosa, quando via alguém sofrendo, ajudava. E ainda sou do mesmo jeito. Aprendi a amar". Enfrentando preconceitos e intolerância religiosa, ela resistiu: "Nem queira saber o que eu passei de sofrimento... Graças a Deus, passei por cima".

Das memórias ao papel 

Foi em 2016, então, a pedido do neto Marcos Andrade, que Maria começou a narrar suas memórias, que se tornaram quatro livros. Marcos, escritor e mestre em Sociologia, transcreve e organiza os relatos da avó, ademais, sempre mantém sua voz e protagonismo. "Ela conta, eu transcrevo, construo, e ela é a autora. A narrativa só existe porque a voz dela encaminhou a isso", afirmou.

"'Vó, me conte umas histórias da sua vida, do seu passado'. Ele estava estudando, fazendo os trabalhos dele da escola. Eu sentei perto dele e ele disse isso. Então, comecei a contar. No outro dia, de novo. E de novo. Quando pensei que não, a coisa estava era grande, já", contou.

O poder da história

O primeiro livro, "A mística dos Encantados", foi um resgate da memória de Maria. Ela havia perdido a memória após uma pancreatite aguda e, narrar a própria história, fez com que ela lembrasse quem era.

Por fim, a indicação ao prêmio celebra não apenas a trajetória de Maria, mas o poder de sua história como educadora popular, espiritual e afetiva. Suas obras relembram o passado, reconstroem identidades e ensinam a valorizar a sabedoria ancestral. "O que peço aos poderes de Deus, que é o Senhor de tudo, é me dar o entender".

Sobre o prêmio 

O Prêmio Sim à Igualdade Racial é promovido pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) e reconhece iniciativas que promovem a igualdade racial. Em 2025, o evento destaca também pautas como justiça climática e questões de gênero, com foco nas regiões Norte e Nordeste.

mais notícias
PUBLICIDADE