● Hábitos culturais, segundo entrevistados, estimulam filhos a irem para escola, melhoram o desempenho escolar, e ajudam no relacionamento dentro e fora de casa;
● Exposição à cultura fortalece o autoconhecimento de crianças e adolescentes, aumenta a empatia e contribui para autonomia, criatividade, colaboração, comunicação e pensamento crítico;
● Escolas são o quinto espaço mais procurado para atividades culturais, atrás de ruas/praças, parques, igrejas e shopping centers;
● 72% dos entrevistados dizem que fariam mais atividades culturais em escolas se houvesse aumento da oferta.
Nove em cada 10 brasileiros com filhos até 18 anos acham fundamental a prática de atividades culturais na infância e na adolescência, aponta a quinta edição da pesquisa Hábitos Culturais, realizada pelo Observatório Fundação Itaú em parceria com o Datafolha.
O levantamento, que ouviu 2.494 indivíduos, em agosto deste ano em todo o país, mostra que 94% dos entrevistados que têm filhos (1.013 entrevistados) consideram importante ou muito importante a exposição das crianças e jovens a atividades culturais.
Segundo o levantamento, dentre os entrevistados com filhos, 93% dizem que a exposição a atividades culturais influi na vontade de frequentar a escola, 94% acreditam que ajuda no desempenho escolar, 92% atribuem melhora no relacionamento em casa e 90% informam que práticas culturais melhoram o relacionamento das crianças e jovens com outras pessoas.
A pesquisa investigou também a percepção do conjunto dos entrevistados, com filhos ou não, sobre outros benefícios proporcionados pela cultura na fase de formação. O autoconhecimento foi apontado, por 43% do total dos entrevistados, como a principal habilidade desenvolvida por crianças e adolescentes que praticam atividades culturais. No levantamento de 2023, o índice era de 40%.
De acordo com os dados da amostra, a empatia aparece como a segunda habilidade que mais se desenvolve com práticas culturais na infância e adolescência, de acordo com 38% dos entrevistados (36% em 2023).
Já o desenvolvimento da criatividade é apontado por 38% da amostra (contra 55% em 2023), seguida por colaboração, com 34% (quesito introduzido no questionário estimulado desta edição), comunicação/assertividade (33% este ano contra 21% em 2023) e pensamento crítico/engajamento (27% este ano contra 30% em 2023).
De acordo com o levantamento, a cultura gera benefício também para autonomia das crianças e jovens (26% este ano, contra 19% em 2023). A flexibilidade é outra habilidade que se desenvolve com vivências culturais, segundo 22% dos respondentes (11% em 2023), bem como a cidadania (22% este ano, contra 36% em 2023), e o letramento digital e tecnológico (7% nesta edição, contra 4% em 2023).
Segundo a pesquisa, 38% dos entrevistados realizam atividade do gênero em escolas (eram 41% em 2023). Dos locais utilizados para práticas culturais, as escolas aparecem na quinta colocação, atrás de praças ou ruas (60% este ano, contra 71% em 2023), igrejas ou espaço religiosos (57%, item incluído na pesquisa este ano), parques (50% este ano contra 63% em 2023), e shopping centers (39% – 55% em 2023). Escolas estão à frente apenas de clubes (27% contra 34% em 2023) e projetos culturais, sociais e ONGs (25% – quesito também aferido somente este ano).
“A pesquisa mostra que a escola, junto ao território em que está inserida, possui um enorme potencial para se consolidar como um espaço articulador de múltiplos saberes, ao acolher práticas culturais e adotar como princípio a educação integral. Isso é fundamental para o desenvolvimento de adolescentes e jovens, como aponta o estudo”, avalia Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú.
De acordo com o levantamento, 72% dos entrevistados dizem que participariam de eventos culturais nas escolas do seu bairro se elas acontecessem com mais frequência. Apenas 26% disseram que não participariam e 2% não souberam responder. “Esses dados mostram que precisamos avançar em políticas públicas para intensificar as práticas de cultura nas escolas e inseri-las de forma transversal no currículo, o que beneficiaria os estudantes e também a comunidade”, avalia Saron. “Inclusive, a Fundação Itaú acaba de firmar um acordo de cooperação técnica com os ministérios da Educação e da Cultura para justamente produzir estudos e evidências sobre os impactos da arte e cultura na performance acadêmica, na trajetória escolar e no desenvolvimento integral de crianças e adolescentes”, lembra o executivo.