O Brasil receberá em breve a TV 3.0. Um avanço na maneira de assistir à telinha. Com ela, os telespectadores vão ganhar mais interatividade e mais qualidade de imagem e som superior aos padrões atuais.
Com a TV 3.0, 0s tradicionais canais serão substituídos por aplicativos das emissoras, semelhantes às ferramentas encontradas nas plataformas de streaming.
A nova televisão também contará com propagandas personalizadas para quem está assistindo, graças a essa interatividade. Os exemplos vão desde poder votar em uma enquete durante um programa, participar de um chat com outros espectadores ou até mesmo poder comprar itens apresentados numa novela ou comercial.
Modelo de catálogo de aplicativos da TV 3.0, ainda em construção, de acordo com os pesquisadores (Arte: divulgação/UFJF)
Sergio Santoro, coordenador do Módulo de Mercado do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), disse à IstoÉ Dinheiro, que a DTV+ (como está sendo chamada oficialmente a TV 3.0), deve permitir novos modelos de negócios para além das bases sobre as quais a TV aberta foi desenvolvida.
“O DTV+ insere definitivamente a TV aberta na economia digital, trazendo métricas e modelos de negócios do universo digital para a radiodifusão aberta e gratuita, mantendo seu poder de alcance, com uma redução na complexidade que existe hoje para alternar entre conteúdos oferecidos pela TV aberta e pela internet em plataformas completamente separadas”, disse.
Por meio da nova tecnologia, totens de mídia Out of Home (OOH) serão capazes de receber conteúdo publicitário diretamente do sinal de TV, sem necessidade de internet, abrindo caminho para modelos de negócios em locais onde a conectividade é baixa.
A transição para os novos modelos deve ser gradual, assim como ocorreu na transição do sistema de TV analógico para o digital.
Na época, o governo ofereceu conversores de sinal gratuitamente para famílias de baixa renda. Desta vez, o Ministério das Comunicações ainda não tem uma definição sobre a distribuição gratuita de conversores para o sinal de TV 3.0.
(Arte: Diretoria de Imagem Institucional/UFJF)
Em entrevista à IstoÉ, o ministro das Comunicações, Federico Siqueira Filho, explicou que a ideia é que futuramente as televisões que saírem de fábrica já tenham os kits de TV que possibilitem o acesso ao sistema DTV+.
“É bom deixar claro que as duas tecnologias vão conviver simultaneamente nesse período de transição”, reforçou o ministro.
Siqueira explicou que o governo trabalha atualmente com a ideia de que a TV 3.0 esteja disponível até a Copa do Mundo de Futebol de 2026, ou seja, até junho.
“Nossa expectativa é que o presidente Lula assine o decreto agora em julho e que, a partir de 2026, nos grandes centros do Brasil, esse serviço já esteja em operação comercial. Esse é o prazo que está previamente acordado com os fornecedores de equipamento, operadores de TV e todo o mercado, para que possam se preparar, fazer investimentos e colocar os seus sistemas de operação na Copa de 2026”, disse o ministro das comunicações.
Para que o projeto DTV+ saia do papel, é necessário que o Presidente da República assine um decreto presidencial com as determinações para o novo sistema de televisão. Além disso, as normas relativas à TV 3.0 devem passar por uma consulta pública, ainda sem previsão para ocorrer.
De acordo com o coordenador do Fórum do SBTDV, duas emissoras experimentais serão instaladas ainda em 2025, sendo uma em São Paulo e outra em Brasília.
Em abril deste ano, a TV Globo anunciou que estava lançando sua estação piloto de DTV+ no Rio de Janeiro. Inicialmente o sinal se restringe à zona sul do Rio de Janeiro. A Globo informou que, nesta fase, a estação piloto permitirá que a empresa e seus parceiros realizem testes e ajustes antes que as estações comerciais sejam lançadas.