PUBLICIDADE

Piloto afirma que Rueda é dono de aviões operados por empresas de voos do PCC

Istoé | 18/09/2025 21:52

O piloto Mauro Caputti Mattosinho, de 38 anos, que transportava frequentemente uma dupla que comandava um grande esquema de dinheiro que atendia ao PCC (Primeiro Comando da Capital), afirmou à Polícia Federal que o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, está entre os verdadeiros donos de quatro dos 10 jatos executivos operados por uma empresa de táxi aéreo da facção criminosa.

A declaração foi dada durante entrevista ao ICL Notícias. De acordo com o piloto, Rueda era mencionado por seu chefe como o líder de um grupo que “tinha muito dinheiro que precisava gastar” na aquisição de aeronaves avaliadas em milhões de dólares.

“Havia um clima de ‘boom’ de crescimento na empresa. E isso foi justificado como sendo um grupo muito forte, encabeçado pelo Rueda, que vinha com muito dinheiro que precisava gastar. Então, a aquisição de várias aeronaves foi financiada”, emendou Mattosinho.

Por meio de nota divulgada em seu perfil no Instagram, Rueda negou o caso e ressaltou que está sendo alvo de “ilações irresponsáveis sem fundamento”. “O que há, sim, é um pano de fundo político nestas leviandades, que estão sendo orquestradas, usando-se uma operação policial séria, para atacar adversários”, completou, destacando que medidas cabíveis devem ser adotadas.

A denúncia de que o presidente do União seria proprietário oculto desses jatos executivos, fez com que ele fosse alvo da Operação Carbono Oculto, que investiga a infiltração do PCC nos setores financeiro e de combustíveis.

Ida ao Uruguai

O piloto ingressou na TAP (Taxi Aéreo Piracicaba) em 2023 e saiu da empresa há duas semanas, depois de transportar os parentes de Beto Louco para o Uruguai, na véspera da operação da Polícia Federal, da Receita e do Ministério Público de São Paulo.

Quando retornava ao Brasil, o piloto foi abordado pela corporação no aeroporto Catarina, em São Roque, interior de São Paulo, pois havia suspeita de que Beto Louco estaria no voo.

“A história que contei para vocês eu repeti para a Polícia Federal”, afirmou, ao ICL Notícias.

Segundo o piloto, transportou ao menos 30 vezes Mohamad Hussein Mourad, conhecido como Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco. Ambos são apontados como líderes do esquema que atendia ao PCC e estão foragidos da Justiça.

De acordo com o UOL e o ICL, duas aeronaves atribuídas a Rueda pertencem a fundos de investimentos que têm apenas um controlador final, cujo nome não é divulgado em documentos públicos.

Uma terceira aeronave está em nome de uma empresa registrada na periferia de Imperatriz (MA).

Ainda na entrevista, o piloto reafirmou ter transportado uma sacola de papelão que aparentava conter dinheiro vivo, na mesma data em que Beto Louco mencionou a outros passageiros que teria encontrado com o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP.

O senador nega ter “tido proximidade de qualquer espécie” com Beto Louco e também nega ter recebido qualquer valor. Além disso, ingressou com processo contra o ICL Notícias, pedindo pagamento de indenização por danos morais. Para o veículo, o gesto configura uma tentativa de assédio judicial e que “reafirma a qualidade de suas práticas jornalísticas”.

Aeronave que foi à Grécia

Mattosinho disse que o presidente do União Brasil teria demonstrado interesse em comprar uma quinta aeronave, um Gulfstream de Série 550, matrícula PS-FSR, capaz de realizar viagens intercontinentais. De acordo com o piloto, supostamente ocorreu negociações do modelo de luxo a partir US$ 10 milhões (R$ 54,5 milhões), mas não sabe se a transação foi concretizada.

O jato foi colocado à venda em julho de 2025, conforme anúncio divulgado nas redes sociais por uma empresa que comercializa aeronaves.

A aeronave está registrada em nome do agente de jogadores Luís Fernando Garcia, dono da Elenko Sports. Ao ICL Notícias, ele negou que seu jatinho tenha sido vendido e que Rueda tenha realizado viagens nele.

Em agosto deste ano, no entanto, o presidente do União Brasil reuniu políticos, empresários e artistas para comemorar seus 50 anos na ilha grega Mykonos, que faz parte de um arquipélago no mar Egeu.

O proprietário da empresa TAP enviou mensagens ao Mattosinho em 6 de agosto falando sobre o serviço na Grécia. “Irmão, estou numa correria absurda com avião lá na Grécia. Pode tocar com Brunão por favor. Está foda aqui. 2 dias varados. Acompanhando programação da Grécia”, escreveu.

À reportagem, Rueda informou que viajou para Grécia em um voo comercial da British Airways, e negou ter adquirido a aeronave citada pelo piloto.

Por meio de nota, a empresa TAP informou “”desconhecer qualquer declaração atribuída a funcionário sobre aquisição de aeronaves” e atuar “em observância à lei”. A empresa afirma que “não tinha conhecimento do envolvimento de investigados na Operação Carbono Oculto até sua deflagração”.

“Por fim, não pode fornecer informações sobre clientes ou passageiros sem autorização destes ou por requisição das autoridades competentes”, concluiu.

mais notícias
PUBLICIDADE