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Saiba o que são terras raras, alvo dos Estados Unidos em negociação com o Brasil

CBN | 25/07/2025 15:39
Exemplos de terras-raras refinadas. — Foto: Reprodução/Wikipedia
Exemplos de terras-raras refinadas. — Foto: Reprodução/Wikipedia

Segundo encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, esse acordo poderia eventualmente ser incluído nas discussões para evitar a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros.

O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, levou a empresários brasileiros uma sinalização sobre o interesse do governo Donald Trump em negociar um possível acordo comercial voltado ao acesso a minerais críticos e estratégicos do Brasil — entre eles, as chamadas terras raras.

Segundo Escobar, esse acordo poderia eventualmente ser incluído nas discussões para evitar a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros.

Atualmente, Escobar é o principal representante diplomático dos EUA no Brasil, já que o governo norte-americano ainda não indicou um novo embaixador para o cargo. Ele mencionou o interesse nos minerais estratégicos durante uma reunião com representantes do setor de mineração brasileiro.

O presidente Lula reagiu ao interesse dos Estados Unidos por minerais críticos do Brasil e afirmou que 'ninguém põe a mão' nas riquezas naturais brasileiras. Às vésperas do tarifaço, o governo americano sinalizou que pode negociar a chantagem em troca de um acordo comercial para ter acesso às substâncias estratégicas do Brasil.

Mas, afinal, o que são as terras raras?

Presidentes do Brasil, Lula, e dos EUA, Donald Trump — Foto: Alan Santos/PR e Gustavo Moreno/STF

Presidentes do Brasil, Lula, e dos EUA, Donald Trump — Foto: Alan Santos/PR e Gustavo Moreno/STF

Chamadas de 'petróleo do século XXI' pela sua importância global, preço e por serem cobiçadas por diversos países do mundo, esses materiais são elementos químicos fundamentais para a construção de aparelhos eletrônicos e peças elétricas.

Sua escassez mundial gera uma tensão entre as diversas nações pelo medo de não ter como repor de outra maneira.

Além disso, a produção de mísseis hipersônicos, carros elétricos e sistemas de energia solar também depende desses recursos, que hoje representam um importante elemento na geopolítica mundial.

O Brasil e a China possuem as maiores reservas mundiais de minerais críticos e estratégicos. O Brasil destaca-se por suas reservas de cobre, lítio, silício e terras raras.

Recentemente, os Estados Unidos negociaram o acesso a esses minerais com a Ucrânia e a China. Inclusive, o presidente Donald Trump chegou a colocar o acesso a esses recursos como uma condição importante para negociar o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, evidenciando o interesse americano por esses materiais.

No início da disputa tarifária entre Estados Unidos e China, quando a Casa Branca impôs tarifas sobre produtos chineses, a China reagiu restringindo a exportação de minerais críticos para os EUA. Essa medida gerou um alerta no governo americano e acabou impulsionando negociações bilaterais entre os dois países.

Atualmente, a China é o principal destino das exportações brasileiras de minérios, absorvendo cerca de 24% do total, seguida pela Alemanha, com 12%. Com isso, os Estados Unidos sinalizam o interesse em integrar esse grupo de países que recebem esses materiais do Brasil.

A União Internacional de Química Pura e Aplicada define as terras-raras como um grupo de 17 elementos químicos que corresponde o ítrio, escândio e mais 15 elementos chamados lantanídeos. Entre os minerais estão lítio, vanádio, cobalto, níquel, platina, nióbio e mais.

Eles são fortemente presentes na terra, porém em lugares específicos. O nome se deve ao fato de nunca serem localizados em quantidades enormes ou por nunca estarem misturados com outros minerais. Sua extração e processamento, por isso, não é nada fácil e bem única.

Para se ter uma ideia da utilidade, as terras-raras estão em celulares, computadores, aparelhos médicos, baterias, aviões de guerra, drones, LEDs, produção de chips e mais. Também são usados em ímãs, com produção 94% do mundo na China.

Os chineses produziram, em 2024, cerca de 70% das terras-raras mundiais e processam, pela capacidade tecnológica, por volta de 90%. E quanto os EUA importa da China? 70%.

A maior questão e medo das principais potências do mundo é, justamente, sua escassez e o caos global que isso poderia gerar. Por isso, tantos países se mostram preocupados, desde os Estados Unidos até a União Europeia.

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