O Comitê Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia nesta quarta-feira, 18, a partir das 18h30, a sua nova decisão de política monetária e, desta vez, as apostas do mercado estão divididas.
Embora a maioria do mercado ainda aposte que o BC manterá a taxa no patamar de 14,75%, parte dos analistas acredita que haverá uma alta de 0,25 ponto antes do fim do ciclo de alta, levando a Selic para 15% ao ano.
Pela média das projeções captadas no último boletim Focus do BC, o Copom manterá a taxa Selic no atual patamar até o final do ano, encerrando o ciclo de altas após 6 elevações consecutivas. A leitura é que a atividade econômica já começa a dar sinais de desaceleração e que a inflação também já mostrou no último mês arrefecimento. No acumulado em 12 meses até maio o IPCA desacelerou para 5,32%, abaixo dos 5,53% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Já aqueles que acreditam em mais uma alta nos juros citam a persistente desancoragem das expectativas de inflação e as preocupações recentes em torno da crise no Oriente Médio, que pode colocar pressão nos preços dos combustíveis. Nesta terça-feira, o petróleo fechou em alta de 4%, após o presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizar que o país poderá se envolver na guerra entre Israel e Irã.
Fabio Kanczuk, um ex-diretor de Política Econômica do BC e hoje diretor de macroeconomia do ASA, declarou em entrevista ao Brazil Journal que vê ‘o fiscal pior que o da Dilma e um mundo mais complicado’ e que enxerga uma continuação no aperto monetário. “No momento atual, essa alta adicional seria particularmente importante porque o juro que importa para a economia não é a Selic – é o juro de mercado de um ano e meio, dois anos para frente. Esse é o juro que afeta os empréstimos”, disse.
“A atividade não mostra um resfriamento tão forte quanto o esperado pelo BC na reunião passada. E o ambiente internacional se desenvolveu até o momento de maneira oposta à desaceleração econômica global devido à guerra comercial desde a última reunião. Desta maneira, esperamos que o BC decida pela alta de 0,25%, possivelmente sinalizando o fim do ciclo de alta de juros, e com o desafio de manter a taxa neste nível por período suficiente para levar a inflação à meta no horizonte relevante para a política monetária”, avalia Camilo Cavalcanti, gestor da Oby Capital.
Mesmo entre aqueles que acreditam na manutenção dos juros, a avaliação é de que a Selic não começará a ser reduzida tão cedo. “Reiteramos nossa expectativa de que o grau de restrição da política monetária só começará a ser reduzido na passagem do 1º para o 2º trimestre do ano que vem”, avaliou a LCA Consultores.
Apesar de ter desacelerado, a inflação segue acima do teto da meta. O centro da meta perseguida pelo Banco Central para 2025 é de um IPCA de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Por outro lado, juros elevados freiam a atividade econômica, encarecem o custo do crédito e aumento o gasto do governo com o pagamento de juros da dívida pública.