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Sem JHC, Lira busca ‘candidato a mártir’ para enfrentar favorito ao governo de Alagoas

Romero Vieira Belo | 11/08/2025 15:05
Artur Lira sonhava com JHC, mas ficou sem nome para governador.jpg
Artur Lira sonhava com JHC, mas ficou sem nome para governador.jpg

Após acordar do sonho de concorrer ao Senado fazendo dobradinha com o prefeito João Henrique Caldas, seu 'nome preferencial' para disputar o governo, o deputado Artur Lira começa a se mover para buscar alguém com potencial para encarar Renan Filho, ex-governador, atual ministro dos Transportes e favorito das pesquisas de intenção de voto para a sucessão alagoana do ano vindouro.

São duas vagas de senador em jogo, e Lira até há pouco parecia convencido de que conseguiria uma delas, em qualquer cenário. A outra - isso é tema consensual nos bastidores políticos e evidência numérica nas pesquisas - deve ser conquistada pelo senador Renan Calheiros.

Em dobradinha com JHC, tudo seguia bem para o deputado progressista, até que um acordo em Brasília, com os personagens alagoanos girando em torno do presidente Lula, acabou por deixar de fora das próximas eleições exatamente JHC, o prefeito maceioense que o senador Renan Calheiros ainda apoia para a segunda vaga na Câmara Alta.

O entendimento mediado por Lula definiu o seguinte: Renan Filho sai para governador e Renan Calheiros e Artur Lira, para o Senado. JHC permanecerá no cargo de prefeito até o final do mandato, em 2028, mas com o direito a comemorar a nomeação de sua tia, Marluce Caldas (procuradora do Ministério Público de Alagoas) para o cargo de ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O mapa ficou visivelmente desenhado.

Renan Filho conta com uma formidável estrutura de apoio, reunindo as forças da situação que governam o Estado com Paulo Dantas, detêm duas cadeiras no Senado, vários deputados federais e maioria folgada na Assembleia Legislativa, além de quase 90 prefeitos e mais de 500 vereadores, algo nunca visto na política alagoana. Sem falar no respaldo do presidente Lula.

Renan Calheiros, grande articulador das estratégias do bloco governista, é visto como 'pule de dez' na corrida pelo quinto mandato senatorial consecutivo, o que poderá consagrá-lo como novo recordista da política brasileira ao lado do veterano, imbatível e já aposentado José Sarney.

O cargo de vice de Renan Filho está em aberto, deverá ser usado para negociação (atual vice, Ronaldo Lessa estaria propenso a disputar um mandato de deputado) e aí se completa o quadro majoritário governista, valendo mais uma vez anotar que o senador Renan defende JHC como candidato ao Senado.

Apesar da restrição ao seu nome na cúpula emedebista local, Artur Lira saiu do entendimento com o nome definido para a segunda vaga de senador, comemorou a negociação que o deixou livre de enfrentar Renan pai e JHC, mas logo se deu conta de que seu plano eleitoral precisa de um concorrente ao governo. Considerando o cenário atual, seria uma espécie de 'candidato a mártir' das próximas eleições.

Há dois nomes possíveis, mas não prováveis, para entrar nessa corrida: Alfredo Gaspar, ex-procurador de Justiça, ex-secretário de Segurança (governo Renan Filho) e atual deputado federal, e Davi Davino Filho, ex-deputado estadual, bom de voto na capital e nos municípios. Para Lira, claro, qualquer dos dois serve.

O problema é que ultimamente Gaspar tem demonstrado mais interesse em disputar a reeleição. Não se definiu, ainda, mas emite sinais de que considera menos complicado concorrer ao Senado, mesmo porque, nessa última hipótese, enfrentaria o líder fortíssimo que lhe ofereceu cargo e apoio no governo estadual.

E Davi Filho? Pode ser a grande dor de cabeça de Lira. Bem votado na disputa para o Senado (com Renan Filho) em 2022, tem afirmado que vai por que vai disputar a segunda vaga de senador, com ou sem estrutura, com ou sem apoio de partidos. Sandice? Não, apenas está convencido de que sua chance de atingir a meta não alcançada em 2022 se amplia muito com duas vagas em jogo e não tem porque se afligir com ausência de nome ao governo,  visto que, recostado em JHC, poderá propor composição com Renan Filho. Mais: sem mandato, o ex-estadual não tem o que perder, ao contrário do atual federal.

Com Davi em campo o caldo engrossa para Artur Lira, seriam três nomes fortes para duas vagas, sem falar que o bloco governista de repente pode optar por lançar um segundo nome ao Senado. Mas, há que indagar: seria o fim de Lira? Não. O ex-presidente da Câmara dos Deputados também poderia, por exemplo, deixar diferenças de lado e tentar negociar um 'adendo' ao acordo de Brasília, pelo qual ele disputaria o Senado apoiando Renan Filho ao governo, isso, obviamente, com reciprocidade. Nesse caso, o grupo de Renan pai teria que decidir entre Lira, Davi e um nome próprio do MDB.

 

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