Senadores divergem sobre a proposta que busca limitar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente no contexto das condenações dos atos golpistas de 8 de janeiro. Enquanto o senador Izalci Lucas (PL-DF) defende uma aprovação célere da medida, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) acredita que o projeto não avançará.
“Nós estamos aguardando a Câmara, porque o processo inicia lá. Aprovado, vem para o Senado, é distribuído e deve ir para a CCJ, mas vamos trabalhar para aprová-lo aqui”, afirmou Izalci, reforçando que há grande chance de o texto passar no Congresso.
Ele criticou as penas aplicadas pelo STF, chamando-as de “inadmissíveis”. “Pegar uma senhora que usou um batom e condená-la a 14 anos... a dosimetria é totalmente incompatível”, argumentou, citando Débora Rodrigues dos Santos, que vandalizou a estátua do Supremo ao escrever "perdeu, mané" com um batom.
Já Soraya descartou a possibilidade de o projeto avançar no Senado e defendeu o rigor das condenações. “Aqui, eu duvido muito que vá passar. Duvido muito. Aqui, eu creio que vai ser engavetado. Golpe de Estado é algo muito sério. As pessoas estão levando isso numa brincadeira e achando que isso é um crime comum. Isso não é um crime comum”, enfatizou a parlamentar.
Ela reconheceu, no entanto, que há possibilidade de revisão de penas para alguns condenados. “Eu entendo que os advogados poderiam pedir diminuição da pena. Há duas causas de diminuição: uma é a confissão, e a outra é o crime multitudinário, aquele cometido no clamor da multidão”, explicou.
Apesar disso, Soraya defendeu punição severa para os líderes dos atos golpistas. “Quem foi o autor intelectual, aí nós precisamos realmente punir com rigidez”, concluiu.
Chamado de PL da Anistia, o projeto tem como objetivo perdoar os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, alegando excessos nas punições aplicadas pelo STF. Conta com apoio da oposição e de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas enfrenta resistência do governo e de parlamentares que defendem punição rigorosa para os envolvidos nos atos antidemocráticos. Enquanto na Câmara há articulação para aprovar o texto, no Senado a tendência ainda é incerta.