Tapioqueiras da orla de Maceió reclamam da retirada dos toldos das barracas onde comercializam seus produtos. A medida está sendo cumprida pela Prefeitura de Maceió seguindo uma determinação do Ministério Público Federal (MPF). A ação faz parte do projeto de reurbanização da orla, no trecho que vai da Atlantic até o Hotel Jatiúca.
Segundo as tapioqueiras, a retirada dos toldos impossibilita que elas trabalhem na quadra chuvosa. Ao todo são 11 mixes de barracas ao longo do trecho.
"Chegou um ofício na terça-feira dizendo que a partir do dia 30 iriam tirar o toldo. Como vai tirar o toldo? Onde é que os clientes vão ficar? Como os clientes vão comer? Teve o verão todo, não fizeram nada, aí agora no inverno? O que vai ser da gente? Isso aqui é o pão de cada dia", compartilhou Regina Conceição, tapioqueira na orla.
Para muitos comerciantes, as barracas na orla são a única fonte de renda. Eles procuraram o MPF e pediram para que o prazo da retirada dos toldos seja estendido até o fim da temporada de chuvas. "A gente teve a resposta que eles não tinham ciência do que estava acontecendo, mas ficaram de entrar em contato", disse Thays Moura, representante da Associação dos Prestadores de Serviço da Orla de Maceió.
A Secretaria Municipal de Segurança Cidadã informou que começou a retirada de estruturas irregulares nos chamados "mixes" da orla marítima de Maceió com objetivo de combater a ocupação desordenada e prevenir a degradação ambiental da região, provocada por construções e equipamentos fora dos padrões estabelecidos.
A ação civil pública acatada pela Justiça Federal determina que qualquer nova obra em direção à praia que não esteja em conformidade com a legislação ambiental deve ser proibida. Também fica impedido:
obras de contenção das águas do mar;
palcos, pier, cerca ou tapumes para shows;
tendas, construções irregulares de moradias, de pontos comerciais e/ou de benfeitorias;
aterros;
supressão de vegetação.
A sentença também prevê demolição de barracas e quiosques irregulares. No caso de descumprimento da ordem judicial, pelo Município de Maceió e/ou por seus órgãos de fiscalização ambiental competentes, a multa cominada poderá chegar a até R$ 5 milhões.
Nota do MPF
O Ministério Público Federal (MPF) salienta que a retirada dos toldos e a adequação das barracas e quiosques na orla marítima de Maceió são medidas adotadas pelo Município de Maceió para cumprir decisão da 13ª Vara Federal em Alagoas, obtida em ação civil pública ajuizada pelo MPF.
A sentença transitou em julgado (não cabe mais recurso) e determina que todas as barracas, quiosques e similares atendam ao padrão estabelecido no projeto de reurbanização da orla, respeitando limites como o diâmetro máximo de 12 metros, além de garantir a preservação ambiental e o livre acesso à praia.
O objetivo da ação é corrigir ocupações irregulares, proteger o meio ambiente e assegurar que a área continue acessível e agradável para toda a população e visitantes. O MPF reforça que atua para garantir o cumprimento da sentença e a preservação do patrimônio público e ambiental.